Tex Patinum nº 1
- Postado por Anderson Santos
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- Data 19 de janeiro de 2017
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Tex Patinum nº 1
(Editora Mythos, 2016),por Antonio Segura e José Ortiz
As bancas de jornal hoje são muito diferentes daquelas de 10, 20 ou 30 anos atrás. Hoje vemos menos jornais, mais revistas e livros; muitos mangás e histórias em quadrinhos – como nunca antes! –, até DVDs; mas uma coisa nunca mudou: em algum canto ou prateleira, sempre estiveram e sempre estarão aqueles quadrinhos em formatinho e papel jornal do Tex. Para aqueles que, assim como eu, sempre tiveram a curiosidade de conhecer as histórias do ranger Tex Willer, mas não sabia por onde começar, a editora Mythos deu uma baita oportunidade aos leitores brasileiros em 2016 com o lançamento da série Tex Platinum. São histórias fechadas de autores clássicos deste grande personagem do faroeste, criação máxima dos italianos Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini, que mesmo em tempos de crise, mantém uma legião de fãs mundo afora e ainda vende milhões de exemplares. O personagem é publicado no Brasil desde a década de 70, passando pelas editoras Vecchi, RGE e Globo, atualmente sai pela Editora Mythos em diversas séries e edições especiais de luxo. Esta é uma chance imperdível para iniciar sua coleção.
Tex possui uma moral inabalável e sempre se coloca ao lado do que é bom e justo: é sulista, mas lutou ao lado da União contra os Confederados, por ser contra a escravidão e o racismo; amigo e defensor dos índios, mas não hesita em combater aqueles que saem da linha e violam a lei; apoiou a causa do México e se dá bem com os mexicanos, mas também sabe mantê-los na linha quando necessário; e diante da injustiça, nunca se omitiu nem se intimidou, mesmo diante de oficiais do exército e autoridades do governo. Em suas aventuras ele conta sempre com ajuda de seu velho e rabugento parceiro, o também ranger Kit Carson, leal ao extremo e que sempre nos presenteia com momentos hilários com suas reclamações e uma fome insaciável.
Neste primeiro número temos a eletrizante história “O Caçador de Fósseis”, escrita pelo espanhol Antonio Segura e desenhada por seu compatriota José Ortiz. Acompanhamos o herói em busca de um índio assassino conhecido como Four Bears, que foi criado por um pai adotivo branco, mas foi consumido pelo ódio contra o povo do homem que o adotou, por nunca o ter reconhecido de fato como um membro da sociedade e historicamente ter massacrado seus ancestrais, tomado suas terras. Durante a caçada ao indígena ele ainda tem que lidar com um inescrupuloso e cruel paleontólogo com uma perna de pau em perseguição a um ex-sócio que procura fósseis de dinossauros em território indígena acompanhado da linda filha e de um ajudante negro, que é tão bom com uma picareta quanto com um rifle. Tex ainda tem que evitar que uma tribo indígena seja massacrada pelo exército após alguns jovens nativos terem sido seduzidos pelos planos de vingança de Four Bears, com as coisas convergindo para um clímax explosivo com muitos tiros e mortes, cujo desfecho dependerá do dilema moral de um caçador de recompensas nada confiável.
Uma história sobre o ressentimento, os perigos da vingança e suas terríveis consequências; sobre a possibilidade de redenção, mesmo dos piores canalhas – ainda que a beira da morte; e uma interessante reflexão sobre os limites da ciência e do progresso quando estes se colocam contra as tradições e crenças de um povo. Excelente oportunidade de revisitar um tempo onde os heróis eram durões, mas tinham caráter, e combatiam incansavelmente os bandidos, que eram maus; vilões não precisavam ter um “lado humano” – leia-se: não eram venerados – e os heróis não precisavam ser canalhas, nem muito menos ter um lado fraco; ainda não existia luta de classes e todos torciam pelo mocinho contra os bandidos, que eram maus por escolha e não ficavam se vitimizando com esta lenga-lenga politicamente correta de traumas de infância e vítimas de uma sociedade injusta. Enfim, um tempo em que havia muita violência e injustiça, a vida era duríssima, mas os heróis representavam a lei e a ordem e eram a esperança de fazer valer a justiça em defesa dos verdadeiros oprimidos: as vítimas dos bandidos. Nestas histórias os heróis combatem incansavelmente os maus e as injustiças, sem esta conversa fiada contemporânea sobre justiça social, direitos humanos e socialismo. Era fácil diferenciar o bem do mal, pois os bons ficavam sempre ao lado do bem e vibrávamos quando os maus eram derrotados, ainda que fosse na porrada ou na bala.
Tex Platinum vem no formato 13,5 x 17,5 cm (formatinho), com capa colorida, lombada quadrada e miolo em preto e branco, e é vendido bimestralmente nas bancas. Já se encontra no nº 5, mas todos os números estão disponíveis para compra no site da editora Mythos.

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